O que é um hieróglifo?
Este termo deriva da composição de duas palavras gregas - hiero (sagrado), e glyfus (escrita). Apenas os sacerdotes, membros da realeza, altos cargos, e escribas conheciam a arte de ler e escrever esses sinais "sagrados". A escrita hieroglífica constitui provavelmente o mais antigo sistema organizado de escrita no mundo, e era vocacionada principalmente para inscrições formais nas paredes de templos e túmulos. Com o tempo evoluiu para formas mais simplificadas, como o Hierático, uma variante mais cursiva que se podia pintar em papiros ou placas de barro, e ainda mais tarde, com a influência grega crescente no Próximo Oriente, a escrita evoluiu para o Demótico, fase em que os hieróglifos iniciais ficaram bastante estilizados, havendo mesmo a inclusão de alguns sinais gregos na escrita.
Embora sejam geralmente conotados com a civilização egípcia, os hieróglifos foram adotados na escrita de outros povos da antiguidade, tais como os Hititas e os Maias.
Durante os mais de 3 milênios em que foram usados, os egípcios criaram quase 7000 sinais hieroglícos. Um texto escrito nas épocas dinásticas não continha mais do que 800 sinais, mas durante o período Greco-Romano desta civilização, eram usados milhares de hieróglifos, possuindo por vezes diferentes valores fonéticos. Esta prática criptográfica era intencional, e foi adotada por sacerdotes que controlavam a escrita e os templos, mas isto levou que o estudo dos hieróglifos se tornasse cada vez mais complexo. Com o passar do tempo, a prática desta escrita ficou cada vez mais exclusiva de uma elite reduzida; cada vez menos eram aqueles que a podiam ler e entender, e consequentemente o seu uso tornou-se desnecessário. Por volta do século V d.C., já praticamente tinha desaparecido a antiga escrita dos hieróglifos.
Com a invasão de vários povos estrangeiros ao longo da sua história, a língua e escrita locais foram se alterando, incorporando novos elementos. Factores decisivos foram a introdução das línguas grega e romana, em consequência da forte influência comercial e cultural da Grécia, e depois com a conquista do Egito pelas legiões do império romano.
Também o cristianismo, ao negar a religião politeísta local, contribuiu bastante para que o conhecimento desta escrita se perdesse, no século V depois de Cristo. Tudo o que estava relacionado com os antigos deuses egípcios era considerado pagão, e portanto, proibido. Imensas inscrições foram destruídas e tornadas ilegíveis, e os templos onde a escrita era ensinada foram fechados e votados ao abandono.
A introdução do islamismo pelos Árabes no século VII d.C. continuou a mesma prática de apagar e esquecer os registos do passado, levando ao desuso generalizado desta escrita. No entanto, sabe-se que sábios muçulmanos medievais retiveram o conhecimento do valor fonético correto de alguns hieróglifos.
Como decifrar?
A decifração do sistema de escrita dos hieróglifos egípcios é geralmente atribuída a Jean François Champollion, o chamado "Pai da Egiptologia". Nascido na França em 1790, desde muito jovem Champollion mostrou um grande interesse pelo estudo das línguas orientais, e aos 16 anos já conhecia hebreu, árabe, persa, chinês e várias outras línguas asiáticas.
Concluiu que o cóptico, a língua falada pelos cristãos egípcios ainda existentes, correspondia ao último estágio da antiga língua egípcia. Esta foi a sua grande vantagem sobre o médico inglês Thomas Young, que também investigou o significado dos hieróglifos, embora com menos sucesso. Inicialmente, Champollion estava convencido, tal como Young, de que os hieróglifos eram puramente simbólicos, sem qualquer valor fonético. No entanto, após estudar várias inscrições hieroglícas contendo nomes reais, tais como o obelisco de Bankes e a Pedra de Roseta, Champollion descobriu que afinal muitos hieróglifos possuíam o efeito fonético comum aos ideogramas.
A Pedra da Roseta é um texto do Antigo Egito escrito em hieróglifos, grego e demótico egípcio num grande bloco de granito, facilmente confundido com basalto. Esse texto foi descoberto em 1799 por homens sob o comando de Napoleão Bonaparte enquanto cruzavam a região de Roseta, Egito. Esse texto foi fundamental para a compreensão dos hieróglifos atualmente.
Ele foi compreendido pela primeira vez por Jean François Champollion em 1822 e por Thomas Young em 1823, comparando a versão em hieróglifos com a em grego, sendo que ambos eram profundos conhecedores da língua grega. Ela refere-se à um decreto de Ptolemeu V Epifânio, do Egito ptolomaico.
Hoje, a pedra encontra-se no Museu Britânico, Londres, sendo que foi cedida às autoridades militares britânicas em 1801, graças ao Tratado da Capitulação.
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Fontes: Hieróglifos.sapo.pt e Linksduzão