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sexta-feira, 24 de maio de 2013


Do ponto de vista histórico, podemos ver que a Guerra dos Cem Anos foi um evento que marcou o processo de formação das monarquias nacionais inglesa e francesa. Não por acaso, vemos que esse conflito girou em torno dos territórios e impostos que eram tão necessários ao fortalecimento de qualquer monarquia daquela época. Sendo assim, vemos que tal evento manifesta significativamente a centralização política que se desenvolveu nos fins da Idade Média.
Iniciada em 1337, a Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o trono francês esteve carente de um herdeiro direto. Aproveitando da situação, o rei britânico Eduardo III, neto do monarca francês Felipe, O Belo (1285 – 1314), reivindicou o direito de unificar as coroas inglesa e francesa. Dessa forma, a Inglaterra incrementaria seus domínios e colocaria um conjunto de prósperas cidades comerciais sob o seu domínio político, principalmente da região de Flandres.

Nessa época, os comerciantes de Flandres apoiaram a ação britânica por terem laços comerciais francamente estabelecidos com a Inglaterra. Por conta desse apoio, os ingleses venceram as primeiras batalhas e conseguiram o controle de alguns territórios do Norte da França. Até aquele instante, observando a superioridade numérica e bélica dos ingleses, era possível apostar na queda da monarquia francesa. Contudo, a decorrência da Peste Negra impôs uma pausa aos dois lados da guerra.

As batalhas só foram retomadas em 1356, quando a Inglaterra conquistou novas regiões e contou com apoio de alguns nobres franceses. No ano de 1360, a França se viu obrigada a assinar o Tratado de Brétigny. Pelo documento, a Inglaterra oficializava o seu domínio sobre parte da França e recuperava alguns territórios inicialmente tomados pelos franceses.

A ruína causada pela guerra provocou grandes problemas aos camponeses franceses. A falta de recursos, os pesados tributos e as fracas colheitas motivaram as chamadas jacqueries. Nesse instante, apesar dos episódios de violência contra a nobreza, os exércitos da França reorganizaram suas forças militares. Realizando a utilização de exércitos mercenários, o rei Carlos V conseguiu reaver uma parcela dos territórios perdidos para a Inglaterra.

Nas últimas décadas do século XIV, os conflitos tiveram uma pausa em virtude de uma série de revoltas internas que tomaram conta da Inglaterra. Apesar da falta de guerra, uma paz definitiva não havia sido protocolada entre os ingleses e franceses. No ano de 1415, o rei britânico Henrique V retomou a guerra promovendo a recuperação da porção norte da França. Mais do que isso, através do Tratado de Troyes, ele garantiu para si o direito de suceder a linhagem da monarquia francesa.

Em 1422, a morte de Carlos VI da França e de Henrique V da Inglaterra fizeram com que o trono francês ficasse sob a regência da irmã de Carlos VI, então casada com o rei Henrique V da Inglaterra. Nesse meio tempo, os camponeses da França se mostraram extremamente insatisfeitos com a dominação estrangeira promovida pela Inglaterra. Foi nesse contexto de mobilização popular que a emblemática figura de Joana D’Arc apareceu.

Alegando ter sido designada por Deus para dar fim ao controle inglês, a camponesa Joana D'Arc mobilizou as tropas e populações locais. Aproveitando do momento, o rei Carlos VII mobilizou tropas e passou a engrossar e liderar os exércitos que mais uma vez se digladiaram contra a Inglaterra. Nesse instante, temendo o fortalecimento de uma liderança popular, os nobres franceses arquitetam a entrega de Joana D'Arc para os britânicos.

No ano de 1430, Joana D'Arc foi morta na fogueira sob a acusação de bruxaria. Mesmo com a entrega da heroína, os franceses conseguiram varrer a presença britânica na porção norte do país. Em 1453, um tratado de paz que encerrava a Guerra dos Cem Anos foi assinado.
Por um lado, a guerra foi importante para se firmar o ideal de nação entre os franceses. Por outro, abriu caminho para que novas disputas alterassem a situação da monarquia inglesa.


Por Rainer Sousa
Mestre em História
 

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